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A Europa enfrenta um desafio crescente nos últimos anos: a falta de neve nas montanhas. As mudanças climáticas vêm afetando diretamente as estações de esqui, que dependem de temperaturas abaixo de zero para manter suas atividades.
O aquecimento global e a falta de neve
Dados da ONG Climate Central revelam que 44 países do hemisfério Norte tiveram um aumento de pelo menos sete dias por ano com temperaturas acima de 0 °C no inverno nos últimos dez anos. A Alemanha registrou 18 dias, enquanto a Lituânia teve 23.
Assim, tal aumento impacta diretamente a formação de neve, que precisa de frio intenso e umidade para se consolidar. Os Alpes, por exemplo, perderam 34% de suas nevascas entre 1920 e 2020.
Impactos econômicos e culturais
Diante dessa questão, estações de esqui estão fechando na Europa. Jennerbahn, na Alemanha, encerrou suas atividades, apesar do investimento de 57 milhões de euros em novos teleféricos. Além disso, na França, Alpe du Grand Serre e Grand Puy também encerraram operações. Segundo a Universidade de Grenoble, 180 estações fecharam desde os anos 1980.
O fechamento das pistas impacta diretamente as economias locais. Pequenos comércios, restaurantes e trabalhadores sazonais dependem do turismo de inverno. Além disso, o aumento dos custos com neve artificial torna inviável a manutenção de muitas estações.
O futuro do turismo de inverno
A tendência é que as estações de esqui se tornem cada vez mais exclusivas, voltadas ao turismo de luxo. Nos Estados Unidos, o Financial Times mostra que um passe de um dia em Aspen custa até US$ 179, enquanto na França sai por US$ 79. Por isso o esqui, que se popularizou nas últimas décadas, pode voltar a ser um esporte elitizado.
@maluborgesm2 Um pouquinho de aspen Snowmass #aspen ♬ som original – Malu vlogs
Por fim, a Organização Meteorológica Mundial e a Federação Internacional de Esqui fecharam uma parceria para alertar sobre os riscos climáticos. Segundo Celeste Saulo, secretária-geral da OMM, “o recuo das geleiras e a falta de neve impactam ecossistemas, comunidades e economias”. Por isso, as próximas décadas serão decisivas para o futuro do turismo de inverno.