O Botafogo é um dos clubes mais tradicionais do Brasil, e carrega em sua história capítulos que se confundem com a própria trajetória do futebol nacional. Foi o clube que mais cedeu jogadores à Seleção Brasileira no século XX, viu craques eternizados sob a estrela solitária e viveu momentos em campo que consolidaram o apelido de “Glorioso”. Contudo, a partir dos anos 70, tudo começou a mudar.
Charles Borer, o pior presidente da história do Botafogo, plantado pelo DOI-CODI pra acabar com a instituição, deu uma entrevista histórica à revista placar, dizendo que o Botafogo era “um antro de comunistas”.
O Botafogo era inimigo da Ditadura. https://t.co/Gu6qIAVmvB
— José Thiago (@JoseThiagoBFR) November 7, 2024
Sob os ventos da Ditadura Militar, o clube sofreu com a repressão e a incompetência de militares no comando do clube, e a sede de General Severiano foi vendida. Dessa forma, o brilho dos anos dourados deu lugar à resistência, marcada por um jejum de 21 anos sem conquistas.
⭐ A Camisa 7 acaba com a espera
Em 1989, porém, a história tomou um novo rumo. A lendária camisa 7, imortalizada por Paraguaio, Garrincha e Jairzinho, encontrou em Maurício o protagonista para encerrar o longo jejum. O gol contra o Flamengo, na final do Carioca, devolve o brilho à estrela solitária. Nos anos 90, o clube voltou a experimentar o sabor das grandes conquistas: a Copa CONMEBOL em 1993 e o Campeonato Brasileiro de 1995, este último com Túlio Maravilha ostentando o 7 nas costas, reacenderam a paixão da torcida.
☆彡 Resistência alvinegra
Desde então, porém, as grandes vitórias tornaram-se mais escassas. O século XXI trouxe alguns títulos cariocas, que já não têm o mesmo prestígio de antes, e mais decepções. Em 1999, os 110 mil torcedores que lotaram o Maracanã para a final da Copa do Brasil saíram sem o triunfo, em um dos muitos capítulos de frustração que se acumularam ao longo do tempo. Soma-se a isso os dois rebaixamentos na história do clube, marcas de um período de sofrimento. Contudo, entre lampejos, “quases” e sonhos adiados, o Botafogo ainda resiste. Teimoso, como quem acredita que a história ainda lhe guarda um capítulo de redenção. E talvez, finalmente, esse capítulo tenha chegado.
🔥 Tempo de Botafogo!
Nesta terça-feira (26/11), o Botafogo entra em campo contra o Palmeiras, ambos empatados com 70 pontos no topo da tabela do Campeonato Brasileiro. Com apenas três rodadas para o fim, o duelo se apresenta como uma decisão antecipada, carregando um peso quase insuportável. A pressão recai sobre o Botafogo, que liderava o campeonato até a rodada anterior. O fantasma do passado também ronda o alvinegro: no ano passado, o clube viu uma vantagem de 14 pontos se esvair, amargando mais uma vez a tristeza do “quase”. O campeão? O Palmeiras, que virou um 3×0 do Botafogo para um inacreditável 4×3, dentro do Estádio Nilton Santos, em apenas 45 minutos.
Quatro dias depois, no sábado (30/11), o alvinegro encara sua segunda decisão na semana, desta vez contra o Atlético-MG, em busca da tão sonhada Copa Libertadores da América. Um título inédito, capaz de reescrever a história do clube e inaugurar uma nova era gloriosa.
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Assim, o Botafogo, que já superou jejuns, resistiu ao tempo e desafiou a adversidade, encara uma das semanas mais importantes de sua história centenária. Para a torcida alvinegra, resistir nunca foi suficiente – é preciso reencontrar a própria história e voltar a ser o que sempre foi. Que assim seja, e o Glorioso de Didi, Garrincha, Nilton Santos, Maurício, Túlio Maravilha e Jairzinho reencontre o caminho da glória e volte a ser o Botafogo. É tempo de Botafogo!