O reggae é um dos ritmos mais emblemáticos do mundo, carregando consigo uma rica história de resistência, espiritualidade e união. Embora seja amplamente associado à Jamaica, o gênero encontrou um lar em diversas partes do Brasil, e em Pernambuco não poderia ser diferente. O estado nordestino, conhecido pela sua vibrante cena musical, absorveu o reggae de maneira única, criando uma identidade local que mistura influências caribenhas com as tradições culturais pernambucanas.
Neste post, vamos explorar como o reggae se enraizou em Pernambuco, suas influências e a maneira como ele se manifestou de forma autêntica no estado.
Dance o reggae na Praia dos Carneiros, em Pernambuco
A chegada do reggae a Pernambuco
Assim como aconteceu em outras partes do Brasil, o reggae em Pernambuco chegou por meio do rádio e dos discos. Nos anos 70, com o avanço da rádio e a disseminação de músicas de diferentes partes do mundo, o Maranhão foi uma das primeiras portas de entrada para o reggae no Brasil. A partir daí, o ritmo caribenho foi se espalhando para outros estados do Nordeste, incluindo Pernambuco, onde encontrou terreno fértil para se enraizar.
O processo de introdução do reggae em Pernambuco foi gradual, influenciado principalmente pela proximidade geográfica com as ilhas caribenhas e pela troca cultural que sempre permeou a região. O estado, com sua intensa conexão com o mar e as influências africanas, estava pronto para incorporar esse gênero musical e adaptá-lo ao seu contexto local.
O reggae e a música popular de Pernambuco
Em Pernambuco, o reggae não foi apenas assimilado como uma novidade exótica; ele foi integrado ao contexto da música popular local. Artistas e grupos começaram a experimentar com os ritmos caribenhos, mesclando-os com as sonoridades já presentes no estado, como o frevo, o maracatu e o forró. O resultado foi uma fusão única, que deu origem a sons e danças que se tornaram parte do repertório cultural pernambucano.
O Recife, capital do estado, se tornou um dos maiores polos do reggae no Nordeste. Com a formação de grupos como Nação Zumbi, que mistura reggae com rock e outros estilos, e o surgimento de bandas de reggae puro como a Banda Diamba, Pernambuco consolidou sua reputação como um dos principais centros do gênero no Brasil.
O jeito pernambucano de dançar reggae
Assim como a música, a dança também ganhou uma assinatura local. O jeito de dançar reggae em Pernambuco, assim como no Maranhão, foi ressignificado de acordo com as tradições culturais da região. Embora na Jamaica o reggae tenha um caráter de resistência e protesto, a dança pernambucana tem uma pegada mais sensual. Ou seja, está mais próxima do que se vê no forró ou no axé. A dança aos pares, com movimentos lentos e sensuais, se popularizou nas festas de reggae, criando uma atmosfera de confraternização e prazer.
As radiolas: um fenômeno popular
No Recife (PE), assim como em São Luís (MA), o fenômeno das “radiolas” — grupos de DJs que montam sistemas de som com grandes caixas de amplificadores — teve um impacto considerável. Essas “radiolas” são responsáveis por propagar o reggae em festas e eventos, criando uma atmosfera onde a música é ouvida e sentida de forma coletiva. As radiolas pernambucanas se tornaram pontos de encontro para os amantes do reggae, com destaque para festas e eventos. É o caso do tradicional “Reggae na Rua”, que acontece em diversas partes da cidade.
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A força das radiolas em Pernambuco ajudou a consolidar o reggae como um movimento cultural. Desse modo, vai além da música e se transforma em uma forma de expressão e identidade para muitas pessoas. A ideia de que a música é uma ferramenta de união e resistência se mantém viva na cultura local. Então, o reggae vem se tornando um símbolo de luta e afirmação da identidade periférica.
O legado do reggae pernambucano
Hoje, o reggae em Pernambuco continua forte, tanto na cena musical quanto na cultura popular. O estado não só preserva a tradição de dançar reggae aos pares, como também mantém uma conexão íntima com a espiritualidade rastafari e a mensagem de paz e união do gênero. Grupos como a Nação Zumbi e o mestre do reggae pernambucano, Toni Garrido, continuam a promover o gênero. Eles misturam influências de reggae com outras sonoridades locais, como o samba e o bossa nova.
A relação entre o reggae e a cultura pernambucana é um exemplo de como um gênero musical pode se adaptar e se transformar em algo autêntico e inovador, ao mesmo tempo em que mantém suas raízes e tradições. O reggae em Pernambuco não é apenas uma expressão de um ritmo caribenho. Assim, é também um reflexo da riqueza cultural, da diversidade e da resistência do povo pernambucano.
Em resumo, o reggae em Pernambuco é muito mais do que um estilo musical: é uma expressão cultural que carrega a história e a identidade de um estado que sempre se caracterizou pela mistura de influências. Assim como em São Luís, onde o reggae é conhecido como a “Jamaica Brasileira”, Pernambuco também é um exemplo de como o gênero pode ser abraçado e transformado.