Uma pesquisa realizada pela Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) revelou um crescimento de 390% na procura por procedimentos estéticos no Brasil. Consolidando-se como um dos principais destinos de turismo estético, o Brasil atrai pacientes estrangeiros em busca de intervenções de qualidade superior a preços acessíveis. Com mais de dois milhões de cirurgias plásticas realizadas em 2022, o país ocupa o primeiro lugar no ranking mundial de intervenções cirúrgicas, de acordo com a Sociedade Internacional de Cirurgia Plástica Estética (ISAPS).
Observando procedimentos estéticos no geral, incluindo cirurgias e procedimentos não cirúrgicos, o país passa a ocupar o segundo lugar, atrás apenas dos Estados Unidos. O estudo da SBD entrevistou cerca de 1.200 estrangeiros. Ele apontou que 80% já haviam se submetido a algum tipo de procedimento não invasivo, como tratamentos com botox e ácido hialurônico para rugas. O principal atrativo, além dos custos reduzidos, é a reputação dos cirurgiões brasileiros, consolidada mundialmente.
Competitividade global
Apesar do crescimento, o Brasil enfrenta uma concorrência intensa no cenário internacional de turismo médico. Países como Turquia, México, Costa Rica e Tailândia têm oferecido tratamentos a preços ainda mais baixos, atraindo pacientes de diversos continentes. A Turquia, por exemplo, registrou um aumento expressivo de 88% no número de pacientes estrangeiros entre 2021 e 2022, alcançando 1,25 milhão de visitantes. O lucro desse setor no país ultrapassou a marca de US$2 bilhões no ano passado, segundo a agência estatal USHAS.
De acordo com dados do Hurb, as buscas por viagens para a Turquia aumentaram 27% em 2022 em comparação com o ano anterior. Além disso, Istambul foi a cidade mais visitada do mundo em 2023, reforçando o interesse dos viajantes por esse destino.
Os principais mercados de turismo estético são impulsionados por tratamentos como lipoaspiração, rinoplastia e aumento de mama, além de procedimentos não invasivos. Na Turquia, a maior parte dos pacientes em 2022 veio de países como Alemanha, Reino Unido e Suíça.
São Paulo como referência
No Brasil, São Paulo é o principal polo de turismo estético, concentrando 34% das cirurgias plásticas realizadas no país. A capital paulista, além de sediar congressos médicos e feiras de estética, conta com uma infraestrutura avançada e é um hub aéreo, que facilita o acesso de turistas de diferentes regiões. Segundo o Ministério do Turismo, o número de estrangeiros que viajam para o estado em busca de tratamentos médicos e estéticos dobrou nos últimos anos.
Mesmo com preços de 20% a 30% menores do que nos Estados Unidos, o Brasil precisa enfrentar o desafio de manter-se competitivo frente a outros países que oferecem custos ainda mais baixos e infraestrutura de saúde de alta qualidade. Países como Singapura, Tailândia e Índia, por exemplo, têm ganhado destaque como destinos preferidos para o turismo de saúde, de acordo com a organização Patients Beyond Borders.
O mercado de turismo estético segue em forte crescimento e com uma disputa que parece cada vez mais acirrada. Essas tendências revelam que, por trás de uma viagem, existem muito mais motivações, em busca de novas experiências e oportunidades de consumo, do que a busca por momentos de lazer.