Argentino, natural da jovem e universitária cidade de La Plata, a uma hora de Buenos Aires, Gustavo Alejandro é um grande apaixonado pelo Rio de Janeiro. Sua segunda passagem pelo Brasil, em 2016, foi para fazer um mochilão. Desceu em Guarulhos e depois no Tietê, até chegar na praia de Maresias, passando por todo o litoral paulista. Chegando no Rio, sozinho, em pleno carnaval, hospedou-se na Lapa. Ao chegar, deparou-se com um bloco de rua. O argentino, que até então achava que o carnaval do Rio se limitava ao carnaval da Sapucaí, se surpreendeu com a festa de rua carioca.
Ver como a festa é democrática foi o mais importante. Nas ruas do centro da cidade, Gustavo viu pessoas fantasiadas festejando ao lado de executivos em “terno e gravata”. O choque cultural fascinou o argentino. “O sambódromo foi maravilhoso, mas a rua foi o que mais me apaixonei”, comenta Alejandro. O dia 05 de fevereiro de 2016 foi, segundo ele, o dia mais longo da sua vida e também quando decidiu que iria morar no Rio. Em um carrossel de emoções e experiências, Gustavo Alejandro foi à Sapucaí, bebeu cerveja com um amigo brasileiro na Lapa, foi assaltado em Santa Teresa e conheceu o rapaz que viria a ser seu namorado. Tudo isso, em apenas 24 horas.
Gustavo é formado em contabilidade e até então trabalhava no governo da Argentina, era concursado e atuava há 8 anos como analista contábil. Mas já sentia que não tinha muito mais a agregar. Ingressou com 20 anos na carreira pública e, depois de todos esses anos, acreditava que, para crescer, precisava se envolver em atividades políticas. Com uma carga horária reduzida, um bom salário, Gustavo passou a questionar seus próximos passos profissionais.
Sentindo-se entediado e com vontade de enfrentar novos desafios, Gustavo decidiu mudar-se para Buenos Aires em busca de novos ares e oportunidades no mercado privado de contabilidade. Mas em paralelo a sua mudança para a capital argentina, aconteceu a sua passagem turística pelo Rio, que despertou a imensa vontade de fazer da cidade maravilhosa o seu lar.
E assim foi. Um ano depois, Gustavo desembarcou no Rio de Janeiro de vez. Apaixonado por samba, mudou-se para o bairro da Lapa e começou a estudar português. Segundo Gustavo, ele pensava que iria “conquistar o mundo”, mas a realidade do dia a dia foi bem diferente das férias. Ele levou dois anos para validar seu diploma de contabilidade e enfrentou barreiras para se comunicar. Além disso, a área tem implicações de legislação e impostos que eram muito diferentes da Argentina.
Depois de um ano sem conseguir emprego, Gustavo começou a questionar a sua decisão de vir para o Brasil. Para pagar as contas, ele passou a trabalhar com um amigo fazendo passeios turísticos no Rio de Janeiro e, logo na sequência de um término de relacionamento, Gustavo voltou para Argentina com uma passagem só de ida. Após dois anos longe da família, passou 50 dias em sua cidade e, depois desse período, sentia que já não pertencia mais ao país no qual havia vivido por quase 30 anos.
Gustavo, então, decidiu voltar ao Brasil e procurar uma oportunidade de emprego em qualquer área. Assim que chegou, aplicou para uma vaga de consultor de viagens bilíngue no Hurb. No dia do seu aniversário, em 2019, o argentino recebeu a ligação da companhia com a notícia da sua admissão. A empresa estava passando por um projeto de internacionalização e buscava por pessoas que trouxessem diferentes visões e culturas para a companhia.
Ao topar o desafio, ingressou na empresa como consultor de atendimento ao cliente e, em 10 meses, Gustavo atendeu quase 2 mil pessoas. Segundo ele, “Foram 1914 pessoas atendidas por mim nesse período. Ainda quero tatuar esse número, porque significa muito”. Depois, prestes a completar um ano de casa, Gustavo aplicou para uma vaga interna no setor financeiro, voltada a prestar suporte aos parceiros. Finalmente, ele percebeu que, após muitas voltas, estava no caminho certo.
Com a necessidade de implementação de novos sistemas de gestão de pagamentos na área, Gustavo migrou para área de Produto para trabalhar com um novo projeto. Como integrante de um time que é responsável por propor soluções, Gustavo relembra da época de trabalho na Argentina que sempre levava os problemas para o time de tecnologia. Hoje, ao refletir, acredita ser uma pessoa que recebe e resolve os problemas. Diz que encontrou em Produto algo que ele não imaginava que existia: a possibilidade de gerar soluções para outras pessoas.
O argentino é grato por sua trajetória na empresa, porque sua história no Rio de Janeiro – cidade pelo qual se diz apaixonado – se confunde muito com tudo o que já viveu na companhia. Gustavo se emociona ao dizer que as decisões lá de trás valeram a pena. “Hoje eu me considero a pessoa mais feliz desse mundo. E quando paro para pensar sobre o amanhã, ainda não sei, vou descobrir, mas sei que hoje já sou feliz”. Quando perguntado sobre alguém que o inspire, Gustavo menciona a Paola Carosella. Mulher, chef de cozinha e argentina. Em vários de seus depoimentos e entrevistas assistidas, além de compartilhar sua trajetória de sucesso, sempre fez menções aos desafios e dificuldades encontradas na sua vinda e adaptações como imigrante argentina morando no Brasil.