Chilena, de trinta e um anos e vivendo no Brasil há cinco, Camila Martinez é categórica ao nos dizer o motivo pelo qual está aqui: o amor.
Camila aprendeu português através da música e nos surpreende ao dizer que, durante a infância, passou a escutar axés brasileiros que – pasmem – se tornaram virais em Santiago e tocam até hoje nas festas de aniversário. Mais tarde, ela passou a ouvir Natiruts, banda de reggae pela qual se apaixonou e que viria a fazer parte da sua história.
Veio ao Brasil pela primeira vez aos quinze anos e, encantada pelo país, Camila sempre passou todas as suas férias por aqui antes de mudar-se de vez:
“O que me fazia vir para cá eram as pessoas. Sempre gostei do jeitinho brasileiro, de falar com todo mundo. No meu país, as pessoas são mais fechadas e você demora um tempo para começar a conversar com alguém. Aqui você é mais livre, menos julgada”.
Numa dessas viagens, com destino para o Rio Grande do Norte, Camila conheceu seu marido num episódio que ela descreve como “coisa de filme”. Estava hospedada no mesmo hostel que ele e, por conta de um simples bom dia, apaixonou-se. Como estratégia para aproximar-se daquele que viria a ser seu companheiro, Camila pediu ajuda para partir uma manga – fruta incomum no seu país.
Depois disso, ele a chamou para ir à praia para surfar. Camila , que não sabia nadar, aceitou o convite e, após serem derrubados por uma onda, deram o primeiro beijo. Ao ir embora, ela tinha uma escala no Rio de Janeiro. Marcaram seu primeiro encontro no aeroporto do Galeão, às seis da manhã, onde Camila recebeu de presente uma cesta de café da manhã e um escapulário do Cristo Redentor.
Após um ano namorando à distância, decidiram que deveriam morar juntos no Rio de Janeiro. E como toda história de amor merece uma trilha sonora, o casal decidiu participar de um concurso da banda Natiruts, chamado “A Melhor História de Amor”. A jornada do casal foi escolhida e, como prêmio, ganharam uma música em sua homenagem, chamada “Rosas”. Emocionada, Camila nos conta que essa será a música do seu casamento.
Nutricionista por formação, Camila trabalhou com nutrição clínica em hospitais com pacientes críticos, mas sentia que não se identificava com a profissão. Quando veio para o Brasil, resolveu mudar de carreira. Camila fez uma entrevista primeiramente para o Peixe Urbano e não passou. Depois disso, participou do processo seletivo para atendente bilíngue do Hurb e foi contratada. Menos de um ano depois, foi convidada a ser executiva de contas no time de Travel Suppliers, responsável pela negociação com hotéis internacionais para a América Latina.
Ela nos conta que se descobriu profissionalmente e que adora o que faz. Mas, quando perguntada sobre o maior desafio de morar em outro país, Camila diz que é a distância da sua família. Eles estão juntos quando podem e ela comenta que o Hurb permite a flexibilidade de ficar períodos mais longos no Chile, com a família, em home office.
Em 2021, Camila recebeu a notícia de que seria mãe e que sua gravidez era de risco. Camila foi diagnosticada com pré-eclâmpsia com 20 semanas de gestação e, por recomendação médica, teve que se afastar do trabalho. Por conta da sua condição médica, a vinda do pequeno Gael teve de ser adiantada. Após o parto prematuro, Camila não conseguiu vê-lo antes de quatro dias após o seu nascimento. Apesar do período difícil, ela nos conta que Gael hoje é um menino lindo, saudável e muito viajante – já foi duas vezes ao Chile e se prepara para a terceira viagem ao país da mãe.
Quando perguntada sobre pessoas que a inspiram, Camila cita suas parceiras de trabalho. Mulheres que conciliam com brilhantismo a maternidade, a vida profissional e a pessoal. Apaixonada pela vida e determinada, esses são os traços que notamos de cara na Camila, e também o que nos leva a crer que sua história merece ser compartilhada.
