Existe um encanto mágico da natureza que ocorre bem aqui, no nosso amado Cerrado brasileiro. Você já ouviu falar dos cupinzeiros luminosos? Pois é, acredite, essa maravilha existe e é de tirar o fôlego!
Para entender essa história, primeiro precisamos falar sobre um fenômeno incrível chamado bioluminescência. Este é o nome dado à capacidade de alguns organismos de produzir luz fria e visível, uma espécie de “luz própria”, resultado de reações químicas do próprio metabolismo do ser vivo.
Agora, vamos te apresentar uma outra forma deslumbrante de bioluminescência: a que acontece nos cupinzeiros do Cerrado, mais especificamente no Parque Nacional das Emas. Por causa desse fenômeno, o parque ganhou o apelido carinhoso de “Cidade dos Cupins”.
Parque Nacional das Emas
O Parque Nacional das Emas é um santuário da biodiversidade, um espaço dedicado à conservação da flora e fauna do nosso Cerrado. Abrange cerca de 132 mil hectares e se estende pelos municípios de Mineiros e Chapadão do Céu, em Goiás; e em Costa Rica, na região norte de Mato Grosso do Sul.
Então, vamos ao mistério dos cupinzeiros luminosos: como isso acontece? A resposta é: graças às larvas de um besouro bioluminescente, o Pyrearinus termitilluminans, também conhecido como vaga-lume.
Essas larvas são atraídas por cupinzeiros abandonados, onde a fêmea fertilizada do besouro deposita seus ovos após o acasalamento. Esse comportamento é estratégico, pois se o cupinzeiro ainda fosse habitado, as larvas poderiam ser atacadas pelos cupins-soldados, comprometendo sua sobrevivência.
Ao eclodirem dos ovos, as larvas passam a residir no interior desses cupinzeiros, constituídos por uma rede de túneis de 1 a 5 cm de profundidade. Elas sobem pela superfície do cupinzeiro, se instalam em pequenas fendas ou buracos, e lá permanecem até passarem pela metamorfose e se tornarem os besouros luminescentes.
Observando os cupinzeiros luminosos
Quer testemunhar essa maravilha ao vivo? A melhor época para ver a bioluminescência das larvas de vaga-lumes é entre outubro e dezembro, especialmente no início do período das chuvas. Nesse período, elas aparecem na saída dos túneis, atraindo cupins alados e outros insetos com seus corpos luminosos – que servirão de alimento.
Elas capturam suas presas com as mandíbulas e as levam para uma pequena cavidade a cerca de 1 cm de profundidade da saída do túnel. Lá, elas regurgitam uma substância sobre a presa para facilitar a digestão.
Mas, infelizmente, não é só de luzes e maravilhas que vive o Cerrado. Os cupinzeiros luminosos e seus pequenos vaga-lumes estão ameaçados. A expansão da agropecuária tem convertido parte do habitat desses besouros em áreas de plantio de soja e outros grãos.
O turismo predatório também contribui para essa ameaça, principalmente quando os visitantes, em busca da selfie perfeita, acabam por danificar os cupinzeiros.
Além desses fatores, o uso de pesticidas e a poluição são outras causas que colocam os vaga-lumes em risco de extinção. Portanto, é essencial que haja mais medidas de conservação e conscientização ambiental sobre a importância dos cupinzeiros e dos vaga-lumes para o equilíbrio da biodiversidade do Cerrado.
Verdadeiramente, o espetáculo da bioluminescência no Parque Nacional das Emas é de tirar o fôlego. Só a natureza mesmo para criar um cenário tão encantador!