Tem pessoas que simplesmente não passam despercebidas. E não é sobre chamar a atenção para si, e sim atraí-la. Assim é o Renan Kamia, head de operações do Hurb. Um cara gente boa, de conversa fácil e um sorriso convidativo. E isso não sou quem está dizendo: é unânime nos corredores da empresa.
Esse magnetismo todo não é infundado. Renan é uma pessoa de personalidade inquieta, o que o torna intrigante. Curioso, mão na massa e arrojado, desde pequeno via oportunidade onde ninguém mais enxergava. E quando eu digo desde pequeno, não estou usando hipérboles: já com 12 anos organizava excursões com os amiguinhos de escola para os parques de diversão da região. E fazia o seu dinheirinho. Hoje, aos 30, coleciona histórias e experiências que não cabem em horas de conversa.
O seu primeiro emprego oficial foi aos 14 anos, em uma lanchonete da rede Mcdonald’s. A partir daí, ele não parou mais: revendeu Avon, trabalhou em cantina de escola e em livraria. Seus pais, mesmo que inicialmente com o pé atrás, entenderam como essa vontade de explorar as possibilidades vinha com naturalidade e fazia parte de quem ele era, e passaram a incentivar aquilo que muitos chamariam de loucura. Eles deram espaço e suporte para que o Renan descobrisse e fosse quem ele quisesse ser.
Assim que iniciou a faculdade de administração, surgiu a oportunidade de integrar o time administrativo de uma empresa que gerenciava restaurantes e cafeterias em aeroportos. Essa foi sua grande escola. Lá, ele entendeu a importância de estar próximo do negócio e, principalmente, das pessoas que o faziam acontecer.
Para ele, conquistar sua independência financeira era um objetivo, mas também um meio de colocar em prática as mil ideias que fervilhavam dentro de si. Isso fez com que, aos 21 anos, já ocupasse o cargo de Diretor Executivo, gerenciando mais de 70 lojas espalhadas por todo o Brasil, com mais de 1100 pessoas.
Essa experiência foi o motivador para que em 2016 ele se jogasse em seu primeiro empreendimento: a Salch&Pão, a maior rede de franquias de hotdogs gourmet do Brasil. A proposta era produzir um cachorro quente nova iorquino, com salsicha alemã e ingredientes próprios. No início, ele levava o seu produto a eventos, como festivais de música, casamentos e encontros corporativos. E com o tempo, foi conquistando espaços em shoppings e aeroportos, chegando a mais de 30 pontos em um intervalo de 2 a 3 anos. Para se ter uma dimensão, há 6 carnavais, eles marcam presença no camarote oficial da Brahma. Para Renan, o olhar cuidadoso com toda a linha de produção, desde a concepção do produto até a entrega ao consumidor final, sempre foi a melhor estratégia.
O negócio o preenchia nas diversas frentes. Além do lado empreendedor, de construir algo que se tornaria uma grande rede de varejo no setor de alimentação, havia o fator humano, de estar próximo das pessoas, gerenciando diferentes equipes e suas particularidades, o que ele descobriu ser o seu grande diferencial.
A pandemia foi um baque inesperado para todos. Para ele, não foi diferente. Já que, mesmo em um movimento de constante crescimento, a Salch&Pão ainda contava muito com a rotina diária para sua operação. As lojas fecharam com um estoque abastecido. E em um cenário de incertezas, uma coisa era certa: fazer dos limões uma limonada. Aproveitando todos aqueles insumos, Renan começou a fazer hotdogs para entregar nos hospitais, para aqueles que estavam ali na linha de frente da Covid-19.
Com os negócios em stand-by, logo outras oportunidades foram surgindo. Através de suas conexões, Renan viu a chance de explorar novos caminhos. Em 2021, ele entrou para a área de operações do Hurb. Com o mercado de turismo sendo uma novidade, ele focou naquilo que mais entendia: pessoas. E junto com sua equipe foi logrando novas conquistas.
Hoje, com a Salch&Pão de volta a todo vapor, driblando ainda os efeitos da pandemia, mas já ocupando espaço de relevância, Renan soma as funções de empreendedor com seu cargo no Hurb. E quem já acha que isso é responsabilidade demais, saiba que ele não se assusta com a palavra trabalho. Isso porque ele ainda tem uma marca de roupas online – que deu uma pausa durante a pandemia, mas já se prepara para voltar com tudo -, e já disse não querer parar por aí. Portanto, podemos esperar mais cenas para os próximos capítulos.
E, não dá para finalizar este artigo sem dizer que mesmo 1h de papo não foi o suficiente. A sensação que ficou foi a de que poderíamos ficar horas e horas trocando e ainda teríamos mais camadas para desvendar e mais histórias para ouvir. A inquietude de Renan contagia e encanta. E seus relatos são mais uma aula do que uma simples conversa.