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Heroes in the Field – Ed. #7: a beleza de saber recomeçar

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Aos 23 anos, Marco Antônio, “o menino do audiovisual”, entende de sobra o significado de resiliência. Alegre, bem humorado e amável com todos à sua volta, Marcola – apelido carinhoso dado pelos colegas de trabalho – sempre viu nos desafios da vida uma oportunidade de recomeçar. É isso que faz com ele saiba sonhar com os pés no chão e se arriscar pelo que quer. Politizado, ele entende as lutas sociais porque muitas vezes viu seus direitos serem ignorados. A sua história, embora apenas começando, traz lições que o levam a seguir em frente de cabeça erguida, sem perder sua força e otimismo ao que está por vir.

Caçula de 6 irmãos, Marcola nasceu na Vila da Penha, zona norte do Rio de Janeiro, mas logo se mudou para Paty de Alferes, interior do estado. Isso porque, já na infância, conheceu a violência: na época, seu pai, dono de um mercado de bairro, sofreu um assalto à mão armada e levou 8 tiros. Mesmo saindo sem grandes consequências, o episódio deixou traumas que facilitaram a decisão de deixar tudo para trás e levar uma vida fora da cidade grande.

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No interior, o dia a dia era mais tranquilo e a vida mais simples. Mas nem tudo eram flores. Com o cenário econômico do país instável e em crise, a família teve dificuldade de se reerguer financeiramente. Foi então que, em busca de mais oportunidades, seus pais o deixaram morando com a irmã mais velha e seu marido – na época, ambos com 20 anos e uma filha pequena – enquanto voltavam para o Rio. Marcola, com apenas 9, não entendia bem o movimento. Esse período, que durou até os seus 14, foi marcado por muitas questões que ele ainda não estava pronto para lidar: as muitas mudanças, a sensação de abandono e a autoestima de um menino entrando na adolescência.

No Rio, seus pais ainda lutavam por uma situação melhor. Mas, novamente, o cenário econômico não era favorável. De volta ao lar, Marcola viu de perto as dificuldades da vida, a injustiça e a falta de amparo. Ele presenciou as difíceis decisões que precisaram ser tomadas por não haver outro caminho. Nesse contexto, mesmo acostumado à simplicidade, não imaginou viver em um barraco no Morro do Macaco, em Vila Isabel. Lá, novamente, presenciou a violência em sua forma mais crua e o medo de ir e vir. Foi vivendo essa realidade que começou o interesse pelo direito, pela política e pelas questões sociais.

Apesar de tudo, ele tinha uma família que sempre buscava o melhor, nunca desistia e tentava levar a adversidade de forma leve, mantendo a harmonia da casa. E após algum tempo, eles conseguiram reverter a situação, se estabilizaram e se mudaram para Paciência, subúrbio da zona oeste. Sim, ele já rodou bastante pelo Rio: se antes ele era um menino do interior, hoje ele se considera carioca e conhece a cidade como ninguém.

A vida melhorou, mas ainda não era fácil e isso só reforçava para seus pais a importância de ter uma boa formação acadêmica. Portanto, ao entrar para o ensino médio, eles o incentivaram a buscar pela opção que já viesse atrelada a uma profissão, como a escola técnica. É aí que a FAETEC – um divisor de águas para Marcola – surge em seu caminho. Foi a instituição que o apresentou à sua grande paixão, o audiovisual. Segundo ele, o curso ampliou suas perspectivas: ele entrou querendo ser youtuber e saiu com sede de mais, pois entendeu que ser produtor de áudio e vídeo ia muito além da plataforma.

Formado no ensino médio, começou em casa a pressão pela faculdade. Dentro do contexto vivido pela família, seus pais entendiam que o melhor caminho seria fazer uma prova para sargento do exército e virar militar – um futuro seguro e estável. Mas, mesmo que imbuídos pelo melhor sentimento, eles não podiam estar mais equivocados. Quem conhece Marcola de perto, sabe que ele não caberia dentro de um quadro tão hermético. Ele queria cinema. Queria extravasar sua criatividade; expor suas ideias; dar voz às questões em que acredita. No entanto, como seu pai dizia: cinema não é profissão de pobre. E foi então que decidiu ir para o jornalismo ser cinegrafista.

Nesse meio tempo, em 2020, com um trabalho de meio período para ajudar em casa, ele se encontrava, de certa forma, estável, mas ao mesmo tempo estagnado. Isso tudo mudou quando ele decidiu largar o certo por uma oportunidade arriscada, contra a vontade e o bom julgamento de sua família. Marcola conta que entrar no Hurb foi, novamente, divisor de águas: isso porque ele começou como consultor em CX e logo, assim que se deram conta do seu currículo e potencial, abriram uma vaga de jovem aprendiz especialmente para ele no time de audiovisual da empresa. E foi assim que se deu início a sua trajetória profissional na área que sempre sonhou. Hoje ele é analista do time e um dos melhores que nós temos!

Quanto à faculdade, ele diz que não atendeu suas expectativas. Acostumado a lidar na prática com as ferramentas – câmeras, máquinas fotográficas e programas de edição -, percebeu que a rotina acadêmica se limitava à parte teórica e isso o desmotivou. E no Hurb, ele viu as inúmeras possibilidades dentro da área e entendeu que dava para ser mais que um youtuber e mais que um cinegrafista. Assim, a vontade do cinema voltou a ganhar força.

Ainda hoje, em casa, existe um pé atrás quanto à profissão escolhida. Isso porque as realidades são muito distantes e com a experiência de vida de seus pais, não tem como não ter medo do novo. Mas ele conta que insistir no que queria foi a melhor coisa que ele fez e não há arrependimentos. Sua mãe pôde testemunhar ele vencer naquilo que se propôs, mesmo que muitas vezes parecesse nadar contra a maré. O seu pai, o grande herói da sua vida, aquele que o ensinou a nunca deixar de lutar, e não importa o quão difícil fosse, sempre com um sorriso no rosto, não chegou a ver que a teimosia do filho valeu a pena. Ele veio a falecer de covid-19 em 2021, deixando lições, aprendizados e, claro, muita saudade. Segundo Marcola, a perda do pai fez com que amadurecesse antes do tempo, mas – de novo – quem conhece de perto sabe que ele nunca perdeu o jeitão de menino que encanta.

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