No último sábado, as areias de Copacabana receberam mais um evento que entrou para a história do Rio de Janeiro: o encerramento da The Celebration Tour. Com a maior parte dos custos do evento divididos entre os patrocinadores, a Prefeitura da capital carioca e o Governo do Estado bancaram ainda R$20 milhões para a realização do show gratuito de Madonna. O valor, apesar de alto, não se equipara à grandeza do seu retorno para a cidade. Afinal, o espetáculo gerou mais de R$300 milhões para o Rio, estimou o Estado. Neste Dia Nacional do Turismo, vamos falar sobre como eventos de grande porte têm o poder de impulsionar o turismo e a economia local. Para celebrar a data, o Hurb criou ainda uma vitrine com ofertas especiais para destinos em todo o Brasil.
Grandes investimentos para retornos ainda maiores
A vocação turística da cidade não é surpreendente: as praias, festas e a animação dos cariocas atraem viajantes há muito tempo. Essa atratividade, no entanto, tem prazo. São dois picos durante o ano, além da alta temporada, antes que o valor movimentado pelos viajantes caia. Maio não é um mês de destaque no setor para a cidade, por isso, a passagem da cantora foi muito esperada por todo o comércio e estrutura turística. Para se ter uma ideia, das cerca de 1,6 milhão de pessoas que pularam ao som dos hits da cantora pop na praia, 150 mil vieram de fora do estado. O público foi responsável por injetar um valor 15 vezes maior do que o investido pelo poder público.
Os números demonstram como é possível gerar demanda turística para um destino a partir de investimentos, sejam dos setores público ou privado. E fazer festa ainda é um grande atrativo. Outro grande evento gratuito que acontece anualmente na cidade é o Carnaval. Neste ano, a Riotur informou que 8 milhões de pessoas caíram na folia, movimentando R$5 bilhões na economia local, sendo R$500 milhões arrecadados apenas em impostos relacionados ao setor.
Criando novas demandas turísticas
Até poucos anos atrás, Belo Horizonte não era um destino muito procurado por quem deseja curtir os blocos de rua, mas mais de 312 mil pessoas escolheram a cidade para o feriadão em 2024. Esse ano, o Carnaval mineiro movimentou R$ 4,7 bilhões, segundo o governo do estado. No ano passado, pela primeira vez, o poder público investiu no festejo. Foram cerca de R$8 bilhões e o retorno foi 2,6 vezes maior do que o registrado no ano anterior.
Lollapalooza, São Paulo, 2024.
Quando eventos privados aquecem o setor
Em novembro do ano passado, a popstar Taylor Swift passou pelo Rio de Janeiro e São Paulo para seis apresentações de sua turnê “The Eras Tour”. E o Instituto Brasleiro de Geografia e Estatística (IBGE) concluiu que o primeiro resultado positivo do setor de serviços após três meses está relacionado aos shows da cantora no país. Houve um avanço de 2,2% registrado durante o mês. O efeito não se restringe ao Brasil. Na cidade estadunidense de Filadélfia, a recuperação da rede hoteleira local se deu em função dos shows da artista, afirmou o banco central americano.
No ano passado, outro fenômeno da música mostrava seu poder de impacto econômico. Economistas afirmam que a inflação sueca superou as expectativas, entre outros fatores, pelo aumento nos valores das estadias em Estocolmo, graças à estreia da turnê Renaissance. Os shows de Beyoncé foram anunciados em fevereiro, realizados em maio e, em junho, o índice ainda estava acima do esperado para o mês, com o setor de serviços – como hotéis e restaurantes – liderando em aumento significativo dos preços.
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Além dos shows
Realizado pela segunda vez no Brasil este ano, o Web Summit Rio foi responsável pela ocupação hoteleira de 72% na capital. Na região da Barra da Tijuca, onde foi realizado o evento voltado para negócios de tecnologia e inovação, a taxa chegou a 86%, valor que reflete a busca por hospedagens de turistas do mundo inteiro. Na primeira edição do evento, a economia da cidade foi beneficiada em R$17 milhões por dia da feira.
Os números demonstram como é possível gerar demanda turística para um destino a partir de investimentos, sejam dos setores público ou privado. Fica claro que um calendário de eventos estruturados pode ser muito benéfico para o Turismo, impactando ainda toda uma economia local.