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Música, memórias e saúde mental: uma homenagem a Avicii

O Google Doodle de hoje celebra a vida e o legado do DJ, produtor musical e compositor sueco Tim Bergling – também conhecido por seu nome artístico, Avicii – no que seria seu 32º aniversário. Desde a produção de canções de sucesso que lideraram as paradas internacionais até a atração principal de festivais ao redor do mundo, Tim será para sempre lembrado como um dos pioneiros e visionários mais influentes da música eletrônica.

Em 2018, Tim faleceu aos 28 anos por suicídio, após enfrentar problemas de saúde mental. Em sua memória, o pai de Tim, Klas, e sua mãe, Anki, criaram uma fundação para aumentar a conscientização e abordar o estigma da saúde mental entre os jovens – Fundação Tim Bergling .

Para relembrar Tim neste dia e também saber mais sobre saúde mental, conversamos com o pai de Tim, Klas Bergling.

Conte-nos sobre Tim com suas próprias palavras – como você se lembra dele? 

Klas: Tim era uma pessoa gentil e aberta, cheia de energia, teimosia e integridade. Ele tinha um conjunto especial de atributos, e se você assistiu ao documentário sobre a vida dele, acho que também pode dizer que ele não foi realmente construído para a fama pela maneira como foi exposto a ela.

Apesar de seu sucesso e fama, ele permaneceu humilde e tratou as pessoas com gentileza e igual respeito.

Houve um momento em que você entendeu o quão talentoso musicalmente ele era? 

Klas:  Quando Tim tinha cerca de 10 anos, ele cantou o hino nacional sueco a plena capacidade. Ele realmente viveu o momento ao fazer isso, e foi em momentos como esse que eu inicialmente entendi que havia algo especial ali.

Fazendo parte de uma geração que não cresceu com a house music, eu a via como uma batida monótona e repetitiva. Quando comecei a fazer caminhadas pelo poder, nos primeiros dias da carreira de Tim, ouvindo suas músicas, percebi que lindas melodias eram capturadas nas músicas. Foi um “momento aha” – isso é realmente música – e comecei a precisar disso para continuar. Tim produziu músicas mais melódicas ao longo dos anos, com “Bromance” sendo uma das grandes revelações de seu talento para mim pessoalmente.

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Houve algum momento em que você ficou especialmente orgulhoso de Tim durante sua carreira? 

Klas:  Tim era uma pessoa tão especial, sempre tive orgulho dele por ser a pessoa que ele era. Em termos de suas realizações musicais, nunca esquecerei quando ele tocou em um parque chamado Strömpaterren, em Estocolmo, nos primeiros dias de sua carreira. Ele me disse explicitamente para não ir – talvez porque não fosse muito legal ter seu pai por perto naquela idade – mas eu fui mesmo assim e me escondi atrás de uma árvore. Foi uma ótima noite e lembro-me de me sentir surpreso, maravilhado e muito orgulhoso. Depois, quando fui encontrá-lo nos bastidores, ele ficou muito feliz por eu ter vindo.

Um momento especialmente orgulhoso também foi quando Tim tocou na Globen Arena, hoje chamada de Avicii Arena, num esforço para chamar mais atenção à saúde mental, e eu decidi sentar-me completamente sozinho para absorver a experiência, bem como quando toda a família foi para assista-o tocar no festival “Summerburst” no Estádio Olímpico de Estocolmo. Ele se apresentou de maneira brilhante em ambos os shows – foram noites incríveis.

Depois que Tim faleceu, você e sua esposa Anki fundaram a Fundação Tim Bergling. Você pode nos contar sobre esse trabalho? 

Klas: Depois do suicídio de Tim, muitas pessoas nos procuraram. Alguns que passaram por situações parecidas, mas também muitos fãs que o acompanharam ao longo dos anos. Muitas pessoas nos disseram que Tim e suas músicas significavam muito para eles e sentiram que o conheciam, o que acho que de certa forma, sim.

A escala dos problemas de saúde mental entre os jovens é impressionante. Tim sempre se interessou por psicologia e espiritualidade, e queríamos homenageá-lo fazendo o que pudéssemos para ajudar outras pessoas. Foi assim que demos vida à Fundação Tim Bergling, com o objetivo de contribuir para a saúde mental dos jovens, reduzindo a taxa de suicídio entre os jovens, bem como eliminando o estigma que o rodeia. Não é algo que você possa fazer sozinho, você precisa cooperar amplamente, e é isso que tentamos fazer. Também estamos interessados ​​em trazer a música para o cenário e começamos a trabalhar com organizações para estimular a criatividade dos jovens, dando-lhes melhor acesso à criação e remixagem de suas próprias músicas.

Que conselho você daria a alguém que tem um amigo ou familiar sofrendo de ansiedade, depressão ou doença mental? 

Klas: Nem sempre é fácil, principalmente devido ao estigma em torno desses temas; pode ser difícil falar sobre isso. Mas é isso que precisamos fazer – falar sobre isso. Coisas simples, como fazer perguntas, podem ajudar muito a curar alguém. E se você vir alguém se movendo na direção errada, você deve encorajá-lo ou ajudá-lo a buscar apoio.

Também penso que é muito importante que as empresas se envolvam mais nestas conversas e permitam que os seus funcionários falem mais abertamente sobre saúde mental.

Pessoas em todos os lugares lamentaram a morte de Tim e celebraram seu legado – como tem sido isso para sua família? 

Klas: Isso nos deu um grande apoio em nossa tristeza e pesar, um privilégio que poucos entendemos na mesma situação. De certa forma, você sempre se sentirá sozinho, mas o amor que recebemos de todo o mundo significou muito. Eu realmente acredito que as pequenas coisas – um sorriso, um bilhete curto – significam muito para as pessoas que estão em luto. Pode ser difícil saber o que fazer, e muitas vezes você sente que tudo o que faz não é suficiente, mas algumas palavras geralmente ajudam muito.

Existe alguma música do Tim que tem um significado especial para você?

Klas: Eu sempre volto para a música “Bromance”. A música representa tudo o que Tim era e passa uma mensagem de amizade, que sempre foi importante para Tim.

O Assunto Doença Mental é algo bem aberto no Hurb.com e é constantemente abordado por João Ricardo Mendes nosso CEO, inclusice em uma carta aberta;

[IMPORTANTE] A saúde mental é invisível, mas toca todos nós em algum momento. Vamos derrubar esse estigma no Hurb ?

João Ricardo Hurb Com <jr@hurb.com
sex., 5 de jul. de 2019 05:27

Nosso valor mais importante é “It’s All about People”, acredito que todos temos essa mentalidade de nos preocuparmos com o time, nos ajudarmos, servirmos…

Lendo o do Bill Campbell, ele faz uma “provocação” muito rica: 

To care about People you have to care about people. Most companies and Executives truly do care about their people Perhaps just not the whole person” 

Transtornos de saúde mental atingem quase 30 milhões de brasileiros, o preconceito é a maior barreira para o conhecimento acerca das doenças mentais, o medo é fruto deste preconceito. Pessoas com doenças mentais, tratadas da forma correta vivem de forma COMPLETAMENTE normal.

Talvez falando sobre Saúde Mental no Hurb, tornando nossa empresa um lugar onde trocar sobre esse assunto seja não só normal mas também encorajado, se a empresa não só encorajar mas também comunicar de forma oficial que tem a obrigação de ajudar, custear o melhor tratamento com os melhores profissionais, dar todo tipo de suporte com o que for necessário.

Podemos fazer a diferença na vida de muitas pessoas, o maior desafio é tornar mais fácil para as pessoas falarem, ajudá-las a obter o apoio de que necessitam para trabalhar com elas e ajudá-las a se sentirem confortáveis, qualquer doença mental é um desafio, mas não é uma fraqueza.

É muito importante que todos sintam que podem levantar a questão no Hurb, com nossos líderes, time de Cultura, Colegas sem medo, quando isso acontece e me procuram para conversar sobre isso eu me sinto extremamente especial por fazer parte de uma empresa que se sinta responsável por dar total apoio e não encarar isso com uma fraqueza, mas vemos que a mudança é lenta.

Se eu considerasse isso uma fraqueza eu me demitiria amanhã do Hurb, pois faço parte desse time. É um desafio encarar minha ansiedade, angústia, medos, todos temos esses sentimentos e muitas vezes estamos passando por algo que ninguém vê. Às vezes isso ajuda a dar o meu melhor, mas há vezes que parece que o mundo desabou na minha cabeça.

Com a ajuda de MUITAS pessoas transformo minha ansiedade (e algumas vezes crises de ansiedade, o nome “bonito” para síndrome do pânico) em energia, e se canalizo minha energia em coisas boas e produtivas acabo produzindo mais do que os “normais”, leio mais, estudo mais, tenho mais energia para trocar com nosso time e isso é mágico, transformar o que chamam de fraqueza num diferencial competitivo.

Como falei acima, “com a ajuda de muitas pessoas”, algumas aqui do Hurb. Se eu guardasse isso pra mim não sei como seria, não mesmo.

Em Abril deste ano tive um Distúrbio de Ansiedade (AKA “Ataque de Pânico”) aqui em pleno escritório, na nossa sede, no sexto andar onde temos centenas de funcionários, veio do nada.

Eu nunca tive um assim (forte) antes e pra piorar dentro do HU!

Eu nem sabia se as coisas eram reais, ou o que realmente estava tendo. Mas era real, minha primeira reação foi “ninguém pode perceber”, eu no sexto andar, com centenas de pessoas, sem saber direito o que acontecia, tentando me “esconder”, entrei no banheiro, fiquei uns 20 minutos (acho…pode ter sido 5…ou 30…), quando saio tem umas 10 pessoas no corredor, ando olhando pro chão, sento na minha mesa rezando pra ninguém chegar perto e vem o Jorge perguntando algo sobre uma camisa nova do HU (eu não lembro a pergunta direito mas acho que minha resposta foi numa língua que nem existe, tipo a do Khal Drogo do GOT kkkkkk (até hoje não sei se o Jorge percebeu, ou entendeu…amanhã pergunto).

Subi de escada e correndo para o 14 andar (nosso novo andar) na esperança de não ter ninguém, deitar e ficar sozinho, mas as portas estavam fechadas, deitei no Mármore GELADO, não sei quanto tempo fiquei lá, mas tava gelado e devem ter sido segundos. Voltei para o Sexto andar e achei nosso Anjo, Otávio e o Tuninho. Eles me deitaram na sala de reunião, me deram 5 gotas de Rivotril e em pouco tempo eu estava zero, ficamos conversando e como estava cheio de pendências voltei a trabalhar, já eram umas 10pm, trabalhei normalmente.

Desde aquele dia, quase tudo o que penso sobre minha saúde mental mudou, mas eu não compartilhei com quase ninguém, não para minha família, não para meus melhores amigos, para poucas pessoas no HU e para o Presidente do nosso Conselho. Hoje percebi que preciso mudar isso. Quero compartilhar alguns dos meus pensamentos sobre meu ataque de pânico e o que aconteceu desde então.

Se você está sofrendo silenciosamente como eu sofri, então você sabe como é que ninguém consegue. Em parte, quero fazer isso por mim, mas principalmente, quero fazê-lo porque as pessoas não falam sobre saúde mental o suficiente e homens principalmente são os mais “atrasados”.

Por que eu estava tão preocupado com as pessoas descobrindo?

Foi um alerta, naquele momento. Eu pensei que a parte mais difícil acabou depois que eu tive o ataque de pânico. Foi o oposto. Agora fiquei me perguntando por que isso aconteceu e por que eu não queria falar sobre isso.

Chame isso de estigma ou chame de medo ou insegurança, pode chamar várias coisas. O que me preocupava não era apenas minhas próprias lutas internas, mas o quão difícil era falar sobre elas.

Eu não queria que nosso time me visse de alguma forma menos confiável como Líder em quem vocês podem confiar.

A realidade é que provavelmente temos muito em comum com o que nossos amigos e colegas de trabalho. Não estou dizendo que todos devem compartilhar todos os seus segredos mais profundos, é a escolha de cada pessoa. Mas precisamos e VAMOS criar um ambiente melhor para falar sobre saúde mental no Hurb e começamos HOJE.

Apenas compartilhando o que falei, talvez ajude algumas pessoas, vocês podem me procurar a hora que quiserem e a nossa empresa vai fazer o que for necessário para ajudar, talvez outras pessoas sintam que não são loucas ou estranhas por estarem sofrendo de depressão ou ansiedade, e vejam que podemos tirar o melhor proveito disso, primeiro tratando e depois canalizando da forma certa. Se minha história ajudou a tirar um pouquinho do poder desse estigma, já valeu a pena.

De novo, todo mundo está passando por algo que não podemos ver. O problema é que, como não podemos ver, não sabemos quem está passando pelo que e não sabemos quando e nem sempre sabemos o porquê.

A saúde mental é uma coisa invisível, mas toca todos nós em algum momento ou outro. Faz parte da vida.

https://blog.google/inside-google/doodles/an-homage-to-avicii/

Não importa em que circunstâncias, estamos carregando coisas que machucam e elas podem nos machucar se as mantermos enterradas lá dentro. Não falar da nossa vida interior nos impede de realmente nos conhecer e nos rouba a chance de alcançar quem precisa de ajuda. 

Então, se você está lendo isso e está tendo dificuldades, não importa o quão grande ou pequeno pareça para você, quero afirmar a você que não é estranho ou diferente e pode compartilhar o que você está passando sem medo. Pode ser a coisa mais importante que você faz.

Foi para mim.

Eu, Otávio, Líderes e nosso time de Cultura vamos desenhar a melhor forma de atacar esse assunto, seja com canais de comunicação anônimos, treinamento para os líderes, Talks sobre o tema, os melhores Psiquiatras dedicados a quem precisar, o que tiver a nosso alcance, tudo.

Se queremos conquistar o mundo, temos que confiar uns nos outros e cuidar da nossa mente. Acreditem, o mais difícil é tirar a armadura, depois é fácil e nos torna mais fortes.

Quem já conversou comigo sobre o assunto sabe do que estou falando.

João R.

“Buracos negros não são tão negros quanto se pensa. Eles não são as prisões eternas que um dia se acreditou que fossem. As coisas podem sair de um buraco negro tanto pelo lado de fora e possivelmente para outro universo. Então se você sente que está em um buraco negro, não desista – existe um caminho de saída” 

Stephen Hawking

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